monótonia

10 maio, 2010

madrugada 10/05

Choro. Desejei, saciei e amei. Agora, a alma está inquieta, o corpo e a mente não adormecem. O cérebro traz memórias dolorosas ao presente. A criança estremece e o velho descansa. O grito de revolta da adolescente rasga o silêncio gelado que estagna o mundo. Será castigo? Enrolo-me na cama, sento-me junto da janela e acendo uma luz. 4.49, marca o relógio. Abro a janela para deixar entrar o ar fresco. Encosto a testa ao vidro gelado. Oiço o primeiro humano. Os meus olhos piscam devido à luz intensa da iluminação das ruas. Os carros passam a velocidades idiotas. Um galo ao longe canta. Foi isto que objectivámos criar? Foi isto que os meus pais imaginaram quando me lançaram ao mundo? Pergunto-me até que ponto chegará a nossa loucura. Esta sociedade não tem sentido. Isto não é o ser humano. Nunca. Não deveríamos ter uma sociedade que reflectisse o que somos, pergunto eu? Mas afinal, somos o quê? Porquê que fazemos aos outros o que não queremos que nos façam a nós próprios? Porquês que alguns parecem ser tão burrinhos que não entendem que temos todos sentimentos e que às vezes uma palavra magoa mais que uma faca? Cresçam! Aprendam com os erros como eu o fiz, o mundo é louco. Começo a pensar e percebo que até faz sentido os que deixam o x-acto cair da mão depois de dar o golpe profundo. Não há medo. Não há. Não há terror. Não há dor. Na cabeça deles, só há um coração aliviado por segundos. O sangue sai da ferida aberta, suja o braço e pinga pela ponta dos dedos. Não importa. Se viver se morrer, NÃO IMPORTA. A alma sofre e o cérebro queima-se. A revolta recomeça. Grito!

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